terça-feira, 30 de outubro de 2012

... (reticências)

 é lindo ver a vida pintada em mim à muitas mãos e com muitas cores. aos poucos, rabiscos e riscos. afinal, que vida há sem os tais riscos e as tais cores? aos poucos aprendo ou ensino, desaprendo ou desensino, a mim ou a outros... e é tão lindo e angustiante viver: criar asas, recriar ninhos, ver o céu. e se o céu é de um tamanhão sem igual? que bom! esse é um tamanho de vida, um tanto de possibilidade!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

In-cômodo


Quando eu tenho que dormir fico de olhos abertos, cabeça girando, coração ardendo. Por que não deixo adormecer sentidos? Por que não dou permissão às minhas questões para entrar em REM? Na verdade, sei muito bem a resposta: não deixar pra lá, não ver tudo passar e acontecer.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Meninos e Meninas, Professores e Professoras.


Eu estive com vocês. E vocês estiveram no corpo, na alma, na pele, na vibração e no coração. Amei e amei tanto que às vezes o coração doía e não era aquela dor gostosa. Em compensação, eram gostosos os sorrisos vistos ouvidos e sentidos; era gostoso ver a bola no ar e no chão. Mesmo chão onde estavam os pés que por vezes flutuavam a caminho do sonho.
E aí vinha papel, borracha, lápis, tinta (muita tinta), canção, bola, poema, tinta, peças, lanche, calor, tinta, dúvidas (minhas e suas), conversa (“tesoura e cola”), carinho e tinta, porque só com muito azul, vermelho e amarelo é que se pode pintar um sonho. Sonho este que foi visto no olho até de quem não vê a própria seta indicando potências e caminhos.
Caminhos estes que é preciso espelho para vê-los. Entretanto, para mim foi necessário esquecer o espelho e olhar para um límpido vidro, até mesmo entrar na vitrine. E quando entrei, descobri presentes lindos que vocês também devem enxergar: um palco todo iluminado, um tapete verde, "lápis de luz", quadros quase vivos, e muitas outras coisas.
Foi lindo e vai continuar sendo dentro de mim e aqui, pois de alguma forma eu fico em vocês e vocês ficam em mim. Além disso, VOCÊS ESTÃO COM VOCÊS!!! Isso é o que importa...

Em 29 de novembro de 2010, àqueles que me chamaram de "professora".

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Calor

Pele: por ela passam percepções . Sem sentido, sinto. Mas quem precisa de sentido para sentir? Quem precisa de razão? Adoro a desrazão quando você está em mim, pois a mistura mexe com a mente. Nesse momento, tudo tem gosto e cheiro de menta. Chocolate! Camomila! E quando há chuva, o cheiro se intensifica e o calor também. A pele queima e teima em querer um pouco mais... Mais e mais, como música boa, como boa dança que é contínua. Baila e beija-se, gela-se a espinha e volta a esquentá-la: Calor! Calor que volta, fica, satisfaz, faz feliz e vai para voltar, nunca termina, pois onde há mina há ouro... ouro que brilha, faísca como o fogo que esquenta a Pele.

Labirinto

As carteiras ortopédicas, instrumentos do fascismo imperante, perturbam-me a alma, transcendem minha calma, mas fazem-me sonhar. Sonho com o dia em que a gestão não se disfarçará e se importará com a liberdade. Afinal de contas, de que serve a sabedoria se não para dar asas de borboleta aos homens? Mas cortam-me e cortam-te as asas, cortam-nos as penas caídas, sofridas ou não. Como dessa forma podemos sonhar? Só se sonharmos, ou melhor, pensarmos sonhar com aquilo que nos impuseram como anseio. E de novo pergunto: de que serve a sabedoria? Não podemos pensar nem escolher! Se continuarmos assim, o que a educação irá significar? Se os nossos significantes não são significados e se o que tomamos como nosso é tomado de nós, "isto" não terá sentido algum, ficará no 'isto". E, se tratarmos este "isto" como qualquer produto moderno das fábricas ou para as fábricas, simplesmente, iremos também consumir a educação, largando na lata do lixo o que "disto" sobrou.

Dança no Pomar

O ritmo da vida me chama a diversas danças (não que eu seja privilegiada, isso parece acontecer com todos). Ritmo gostoso como pitanga madura: gosto bom e estranho com uma semente como surpresa que, mesmo que sempre, é sempre surpresa! Acabo plantando vários "pés" que, ainda que não vigorem, têm sua função. Às vezes, são sombra, outras sustento e há  aqueles que servem de adubo para explosão em broto de outras sementes. Assim, o pomar se forma e transforma, com suas brisas e tempestades, chuvas e secas, cuidados e esquecimentos - que também têm seu lugar.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Observ(e)ador

As lentes não captarão toda a dor que me traz. Os rastreadores deixarão passar despercebido todo o incômodo que me invade. Não me acomodo com a ideia de que alguém não saiba que cortar asas não gera os benefícios esperados... Por isso, quero gritar para que assimile que autonomia é um direito e que é legítimo também defender minha privacidade. Afinal, por que se limitar ao chão quando a confiança pode nos fazer voar!?

terça-feira, 22 de maio de 2012

O esquecimento do ócio

Macarrão instantâneo. Micro-ondas. E-mail. Fast-food. Câmera digital. O tempo. Cada vez mais fazemos tudo em menos tempo e temos menos tempo. Matematicamente, isso parece impossível, mas quando passamos a observar a esfera sócio-econômico-cultural começamos a suspeitar os porquês. Nossa vida está a cada dia mais agitada, temos que ser os mais rápidos e os mais completos! Temos que reproduzir-reproduzir-reproduzir-reproduzir... o mais rápido que pudermos. Não há tempo para a preguiça, para reflexão despretensiosa, para a criação. Imagino meus avós plantando, colhendo, preparando, cozinhando... tudo em um longo processo. Uma pitada aqui, um carinho ali e, depois de muito tempo, tinham a mesa cheia de criação: Bolos, compotas, queijos. Agora, em vez disso, temos: miojo, molho de tomate e minichicken. Dez minutos e temos comida. Comida automática, feita sem pensar, sem sentir. Onde está a prova do tempero? Onde está a apreensão de que o molho não irá empelotar? Onde estão as estratégias criadas durante todo o processo para que o produto seja aprovado por quem experimentará? E a gente passa uma vida toda no “Automático”. Não paramos... não paramos! Quantas pessoas já ouviram a seguinte frase: O que você faz de meia-noite às seis? Bem... não sei você, mas eu durmo, danço, namoro, bebo, escrevo textos como este. Tudo, menos trabalho. Que porra é essa de não podermos utilizar o nosso tempo de descanso para descanso? Esquecemos que a “Eureka” de Arquimedes veio da banheira, da observação despretensiosa do fenômeno. Esquecemos até dos nossos próprios insights ao tomar banho, andar de bicicleta, caminhar calmamente pela rua, olhar para o horizonte. Às vezes, não percebemos que precisamos de tempo para a maturação e florescimento das ideias. Que o sentir aliado ao pensar (ou talvez sendo esses um só) pode ser uma arma eficaz para a qualidade.Nem sempre termos a nossa vida em linha de produção é bacana. Tem coisas que não dá para ser em série. Se não, acabamos por viver repetição, voltas-e-voltas, adoecimento. E, se não há ócio, a criação se torna inviável, o viver não é viver. Então, por que não valorizar o ócio?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Ser Pomerano

“(…) Vasto é o mundo
Bastantes são os sonhos
O que queremos
Nós, pomeranos,
É simplesmente sermos também!
Sermos por muito tempo!”
[Celso Kalk – Mar Azul (Blåg Sei)]

Sempre encontro um monte de gente que ao ver minha cor, meu cabelo, meus traços e trejeitos me pergunta: “Você é descendente de alemães?”
Por muitas vezes me questionei se era ou não descendente de alemães. Na verdade, com o tempo descobri que sou POMERANA. Não sou só descendente de alemãs, nem descente de pomeranos e tão pouco de qualquer outra nacionalidade. Apesar de também ter descendência de outros povos, nomeio-me pomerana, pois se considerar assim não é somente ter algum gene perdido de alguém que morou há muitos anos em uma região que ocupava a parte nordeste da Alemanha e noroeste da Polônia.
Os Pomeranos, sendo eles residentes em Santa Maria de Jetibá, Pomerode, Vila Pavão, Rondônia, Estados Unidos ou em qualquer lugar do mundo, preservam tradições em comum que os fazem pertencer a esse mesmo grupo. Algumas são: Língua[1], Festas, Alimentação, Conceitos a respeito da vida, Religião.
Já vi muitas pessoas se assustarem quando ouviram ou quase não conseguiram ouvir minha avó paterna falar um “brasileiro” de gringo, muitos ao não se atentar a fala dela até acharam que ela não falava a língua oficial do nosso Brasil. Quando já tinha idade para isso, parei pra pensar porque isso acontecia... por que nas brincadeiras com meu primo quase não usávamos a linguagem falada, e também qual era o motivo do sotaque carregado de pessoas que conhecia. Percebi que a razão para isso tudo era orgulho. Sentimos tanto orgulho da nossa cultura que de forma consciente ou não utilizamos de vários mecanismos para preservá-la. Posso citar, assim, o ensino da língua pomerana como primeira. Ainda hoje é possível ver pais incentivando seu filho a aprender tal língua logo que começa a balbuciar e isso é muito bonito!
O que também é muito preservado - e é muito bom que seja – são as festas. A principal delas é o casamento. Por ser considerado um dos mais importantes “rituais de passagem”, ele é muito aguardado pela noiva, pelo noivo, seus pais, demais parentes e amigos. E não é só aguardado, mas todos eles também ajudam a planejar e executar tanto a cerimônia quanto a festa. Noivos, cozinheiras e copeiros[2] fazem de tudo para dar o mais animado e farto casamento para todos, até para os “penetras” da festa (eu já estive neste papel em vários festejos!). O casamento também tem vários ritos, como a “Dança da Noiva”, a bandeira com as iniciais dos noivos em um mastro e o vestido preto da noiva. Atualmente, as noivas de Santa Maria de Jetibá, município da região serrana do Espírito Santo, estão retomando este costume que veio da Europa. Os motivos cogitados para o uso da vestimenta são o luto pela diminuição do vínculo com a família primária e, o mais famoso, o protesto contra o autoritarismo do senhor feudal que impunha que a primeira noite da noiva deveria ser passada com ele.
No casamento também é possível identificar mais dois dos aspectos acima citados. A fartura deste evento pode ser observada na alimentação, que muitas vezes tem o café da tarde, o jantar e no meio da noite um “lanchinho”. Nestas refeições está presente o bolo ladrão; o café amargo; as carnes de porco, frango e boi; a batata; a sopa de ameixa; entre outros.
O outro aspecto é a religião. A maioria das cerimônias é realizada na igreja luterana, sendo esta Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), à qual pertenço, ou Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). A adesão à crença cristã pelos pomeranos veio da germanização do povo e continua até hoje. Anteriormente, os pomeranos tinham costumes eslavos, pois descendem desse povo. Por isso, ainda preservam alguns ritos pagãos como o “Quebra-Louça” que tem a função simbólica de espantar os maus espíritos. Temos algumas outras peculiaridades a respeito do casamento, que vão do convite feito pelo Convidador à duração do evento – três dias.
Além do aspecto físico, dos trejeitos, dos costumes, temos um modo de pensar que às vezes se repete de um para o outro. Como exemplo, temos a valorização da terra, da natureza. Muitos pomeranos vivem na, da e com a terra. A agricultura é um dos nossos meios mais importantes de sobrevivência. Os santamarienses, por exemplo, são um dos maiores produtores de hortifrutigranjeiros do país.
Finalizando, posso ainda dizer que ser pomerano é se sentir como tal! Pode-se até não viver no campo, não saber falar pomerano, não ser luterano, ou ainda não dançar a “Dança da Noiva”, mas quem se sente pomerano, emociona-se com esses elementos e é POMERANO!



[1] O antigo dialeto Pomerano agora pode ser considerado língua, pois foi oficializado como tal a partir da realização de dicionário e gramática pelo Prof. Dr. Ismael Tressman (Antropólogo).
[2] Os copeiros frenquentemente são amigos e, principalmente, parentes dos noivos que auxiliam no jantar e demais atividades da festa.

Pra você

Menina, tão menina eu era. Menina e tão mulher agora sou. Menino, tão mocinho você era. Menino e tão homem é agora.
Muitas marcas nos deixamos - eu em você, você em mim! Sinto-me transformada e o vejo como outro. E toda vez que vejo outros em você me reapaixono. Seus “eu's” são tão belos e atraentes! Tão sedutores! Sinto-me sempre um pouco mais em você e você em mim. 
Tomara que um dia nos tornemos um só. Tomara que nossas vidas se entrelacem num nó não muito apertado, mas resistente.
E, quando nos olharmos com as marcas do tempo na pele, também quero observar todas as lembranças acumuladas ao seu lado, todas as felicidades vividas, todos os tijolos e todas as pedras.
Quero sim muitas pedras, muitos tropeços. Quero que a vida nos fortaleça cada dia mais, que nos faça sempre contar um com o outro. Não quero dependência! Quero união.
E quero que nossa união seja eterna, pois não conheci até hoje alguém que me faça sentir melhor do que você me faz. Sinto-lhe confidente, amigo, palhaço, amante, cantor, poeta, irmão, filho, pai... NAMORADO! O MELHOR QUE PODERIA SER!!!