sábado, 28 de dezembro de 2013

Embrião

Era março de 2004. Era o primeiro dia do curso preparatório para o vestibular. Ela estava apreensiva, pois nunca havia estudado em outra Escola que não a de sua cidadezinha. Ele trazia seu violino e algumas esperanças. A moça entrou e buscou uma carteira vaga. A aula já havia iniciado e a sala estava lotada, porém, conseguiu se acomodar. Não parecia estar muito confortável, visto o número excessivo de alunos e a pequenez dos espaços individuais, mas passou a aula inteira naquele local. O rapaz, que estava bem disposto desde o começo das lições, estreou um desconforto. A pessoa que havia se sentado atrás dele, insistiu em futucá-lo com o joelho durante a noite toda. Ao fim da aula, decidiu virar-se e perguntar o que havia com o ou a colega para perturbá-lo tanto. Quando dirigiu-se a carteira traseira, não conseguiu "tirar satisfações". Ele olhou com encanto, ela corou e sorriu, depois, cumprimentou, e ele não soube muito bem o que falar e lhe perguntou: Você gosta de violinistas? A menina não entendeu nada e riu. Naquela data, ele sonhou com o sorriso e ela desejou novamente aqueles olhos. Ou foi o inverso? Acho que mútuo.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

SEM DICIONÁRIO DE RIMAS

Mãos de colono
Dividem-se em harmonias.
Cabelos ao ombro,
Em movimento, contagiam.

Avião oneroso
Em paradoxal fantasia
De ter casa no livro
E cama à esquerda vazia.

Irônico, jocoso:
Aquela página dizia.
Mas aquele velho-moço
Era somente o que eu via.

Coração generoso,
Ao envelhecer em sabedoria,
Divide conosco
Arte, música, poesia.

A brincar pelo palco,
A dobrar por esquinas...
Ao voltar para o baixo,
Mais um ciclo termina.

Ao "cara", Humberto Gessinger.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Água e Sal

Vem ao longe. Ameaça invadir a cidade e o meu corpo em grandes ondas. Sugere que tirará meus pés do chão. Intimida-me, amedronta-me. Deixa-me sem rumo. Faz com que eu questione como proceder. Será melhor que eu me solte? Não, não... eu não permito. Decido fugir. Perco-me no caminho, não sei mais o que fazer. Sinto-me sem controle. Percebo que nenhum porto é seguro neste momento. Tento continuar. Tropeço. Voltando a estar de pé, olho para o alto e vejo uma montanha. Correndo, vou até ela. Subo, estou no alto. Mas, de repente, há água e sal por todos os lados. Estou a salvo, porém, aprisionada. E, agora?