Era março de 2004. Era o primeiro dia do curso preparatório para o vestibular. Ela estava apreensiva, pois nunca havia estudado em outra Escola que não a de sua cidadezinha. Ele trazia seu violino e algumas esperanças. A moça entrou e buscou uma carteira vaga. A aula já havia iniciado e a sala estava lotada, porém, conseguiu se acomodar. Não parecia estar muito confortável, visto o número excessivo de alunos e a pequenez dos espaços individuais, mas passou a aula inteira naquele local. O rapaz, que estava bem disposto desde o começo das lições, estreou um desconforto. A pessoa que havia se sentado atrás dele, insistiu em futucá-lo com o joelho durante a noite toda. Ao fim da aula, decidiu virar-se e perguntar o que havia com o ou a colega para perturbá-lo tanto. Quando dirigiu-se a carteira traseira, não conseguiu "tirar satisfações". Ele olhou com encanto, ela corou e sorriu, depois, cumprimentou, e ele não soube muito bem o que falar e lhe perguntou: Você gosta de violinistas? A menina não entendeu nada e riu. Naquela data, ele sonhou com o sorriso e ela desejou novamente aqueles olhos. Ou foi o inverso? Acho que mútuo.
sábado, 28 de dezembro de 2013
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
SEM DICIONÁRIO DE RIMAS
Mãos de
colono
Dividem-se
em harmonias.
Cabelos ao ombro,
Em movimento, contagiam.
Avião oneroso
Em paradoxal fantasia
De ter casa no livro
E cama à esquerda vazia.
Irônico, jocoso:
Aquela página dizia.
Mas aquele velho-moço
Era somente o que eu via.
Coração generoso,
Ao envelhecer em sabedoria,
Divide conosco
Arte, música, poesia.
A brincar pelo palco,
A dobrar por esquinas...
Ao voltar para o baixo,
Mais um ciclo termina.
Ao "cara", Humberto Gessinger.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Água e Sal
Vem ao longe. Ameaça invadir a cidade e o meu corpo em grandes
ondas. Sugere que tirará meus pés do chão. Intimida-me, amedronta-me. Deixa-me
sem rumo. Faz com que eu questione como proceder. Será melhor que eu me solte?
Não, não... eu não permito. Decido fugir. Perco-me no caminho, não sei mais o
que fazer. Sinto-me sem controle. Percebo que nenhum porto é seguro neste
momento. Tento continuar. Tropeço. Voltando a estar de pé, olho para o alto e
vejo uma montanha. Correndo, vou até ela. Subo, estou no alto. Mas, de repente,
há água e sal por todos os lados. Estou a salvo, porém, aprisionada. E,
agora?
sábado, 2 de novembro de 2013
Canções de ônibus
Durante muito tempo não tive casa. Nesse período, desejava raiz. Mas, paradoxalmente, adocicava meus sonhos esse jeito solto de seguir. Foram tantas idas e vindas, passagens e paisagens. E nessas, surgiu a vontade de me conhecer só e completa. Em uma nova etapa, fiz de mim meu próprio lar e descobri o prazer de me cuidar. Assim, afirmei dar conta das contas, dos contos e dos cantos. Por fim, quando novamente o asfalto me convocou, junto com o movimento de cada mourão, com a dança de cada árvore e a imensidão de cada montanha, foi descortinado a mim que não há função no solo firme quando se tem o vento que nos carrega como semente.
sábado, 14 de setembro de 2013
Leveza
O vento acaricia meu rosto de uma forma que parece até gratidão. O sol descobre minha pele com intensidade. Meus cabelos encontram meus cílios. Os acordes adocicam meus ouvidos. E o cheiro de felicidade invade o canto da minha boca em riso.
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Laço
Em borboleta faça para enfeitar.
Em nós, para ao lado caminhar.
Fita, barbante e afeto.
Pro presente e pro terno.
Em nós, para ao lado caminhar.
Fita, barbante e afeto.
Pro presente e pro terno.
Aos amigos Fernanda e Vitor Cezar
domingo, 25 de agosto de 2013
A dor é ser
Por que você insiste em não transitar?
Por que não se convence que pode colorir?
Seu olhar não percebe que o sol tem raiado a cada manhã.
Seus sentidos estão no esconderijo.
Seus amores moram num passado inacabado.
Seu tempo está em espiral.
Seu peito não bate, nem expira, tampouco inspira.
Sua inspiração esvazia-se.
Seu vazio é imenso.
E seus passos cessaram.
sábado, 24 de agosto de 2013
Entre as linhas
Porque há dias em que a gente sente vontade de escrever mesmo isso sendo ambíguo. Porque existem manhãs com a leveza do vento e do chuvisco na janela, outros dias com o aço de trovões. E, nesses dias, há a necessidade de mais: ser mais, viver mais, respirar mais, elaborar mais, ouvir mais e, consequentemente, ler mais. Ler linhas, entrelinhas, pretos-e-brancos e coloridos. Assim, deseja-se também escrever: ler a si!
Damas e Cavalheiros
Aprendi e ponto.
Porque vi meninos sendo cavalheiros.
Porque vi meninos sendo professores.
E vi meninos sendo meninos.
Cresci com a surpresa.
Porque quebrar paradigmas traz movimento.
Porque o movimento nos faz seguir,
E caminhar por novas paisagens nos faz bem.
Mudei.
Porque enxergar o outro forte nos fortifica.
Porque apontar fraquezas não produz força.
E os que se pensam fortes podem nos enfraquecer.
Refleti,
Estando com alguém diferente de mim.
Saquei,
Quando o que pairava construiu-se em mim.
Destruí
O que havia de destruir.
Construí:
Curiosidades, desejos, saberes e, principalmente, vínculo.
Sorri
Um sorriso de satisfação
Quando aprendi.
E ponto!
(ou seria vírgula?)
Porque vi meninos sendo cavalheiros.
Porque vi meninos sendo professores.
E vi meninos sendo meninos.
Cresci com a surpresa.
Porque quebrar paradigmas traz movimento.
Porque o movimento nos faz seguir,
E caminhar por novas paisagens nos faz bem.
Mudei.
Porque enxergar o outro forte nos fortifica.
Porque apontar fraquezas não produz força.
E os que se pensam fortes podem nos enfraquecer.
Refleti,
Estando com alguém diferente de mim.
Saquei,
Quando o que pairava construiu-se em mim.
Destruí
O que havia de destruir.
Construí:
Curiosidades, desejos, saberes e, principalmente, vínculo.
Sorri
Um sorriso de satisfação
Quando aprendi.
E ponto!
(ou seria vírgula?)
Citação
Bom mesmo era quando a gente tinha uma mesa, alguns bancos e uma cama para arrumar com colcha de chitão.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Movimento da Luz
O que lhe passa ao ver as cores passando? O que sua espinha dorsal responde ao rosa-laranja-verde-azul de um dia se pondo? Pondo-se e partindo e permitindo o parto do luar...
sexta-feira, 19 de julho de 2013
terça-feira, 16 de julho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
Sempre comigo
Nostalgia ao lembrar aquele ano.
Meu travesseiro era feito de planos.
Minha vida só contara até dezesseis.
Nem sabia o quão seria você.
Entre lápis, notas, melodias,
Um carinha fez parte dos meus dias.
Foi assim que os caminhos se cruzaram.
Os seus dedos meu rosto desenhavam.
Mas, de repente, a ponte se fez muro,
E você, tão longe do futuro.
Por isso, peço, meu mais querido amigo,
Não esqueça que esteve comigo.
Tenho certeza: sempre estarei contigo.
E o seu caminho eu bendigo.
Dias, noites, quilômetros passaram,
Até que, enfim, palavras se encontraram.
Tempestades trouxeram nos ares,
Reprimidos por alguns olhares.
Tão logo o sol tratou de nos aquecer,
Percebi que sempre seria você.
Já conheço seus defeitos e seus feitos.
Sua três por quatro apresenta o seu jeito.
O passado virou futuro e presente.
Quem sabe um dia você esteja em meu ventre.
Por isso, peço, meu amor, meu amigo,
Quer casar comigo?
E ofereço o meu peito como abrigo.
Quer casar comigo?Sobre aqueles centavos e aqueles milhões
Estou em antítese.
Estar tão só no meio de uma multidão na quinta-feira passada fez com que a beleza do movimento estremecesse em mim.
Era tudo tão superficial... com ares de micareta. Foi tão sem foco... cartazes sugerindo "Goku" pra presidência. Fatos e atos que nos podam sem serem citados... vistos como muito polêmicos para estarem em pauta!
Não que não possamos ser multifacetados... não que não possamos ser irreverentes.
Pelo contrário, a diversidade e leveza deveriam ter sua função na discussão e construção de caminhos. Mas não parecem terem assumido esse papel.
Acordamos ou continuamos adormecidos em nossos próprios quereres?
Será que a rua continuará arquibancada ou se tornará arena?
Questões que no silêncio e no caos convivem hoje em mim.
Estar tão só no meio de uma multidão na quinta-feira passada fez com que a beleza do movimento estremecesse em mim.
Era tudo tão superficial... com ares de micareta. Foi tão sem foco... cartazes sugerindo "Goku" pra presidência. Fatos e atos que nos podam sem serem citados... vistos como muito polêmicos para estarem em pauta!
Não que não possamos ser multifacetados... não que não possamos ser irreverentes.
Pelo contrário, a diversidade e leveza deveriam ter sua função na discussão e construção de caminhos. Mas não parecem terem assumido esse papel.
Acordamos ou continuamos adormecidos em nossos próprios quereres?
Será que a rua continuará arquibancada ou se tornará arena?
Questões que no silêncio e no caos convivem hoje em mim.
sábado, 25 de maio de 2013
Tentativa e Erro
Hoje vivi a vontade de brincar. Tive vontade de sentir nos dedos dos pés a terra depois da chuva e colher beijos no jardim. Agradou-me tanto esse desejo, fez-me sentir um arco-íris, lembrar de cores e tesouros. Isso trouxe também a vontade do fresco e da satisfação no (des)equilíbrio: desconhecido-explorado-assimilado-acomodado-incômodo-desconhecido...
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Narciso ou Vitória-régia?
Num espelho me vejo, mas não sou especular. Vejo-me e desejo no outro, no seio, na imagem.
terça-feira, 9 de abril de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
Céu aberto
A céu aberto escancarada, nas entrelinhas... destrói,
despotencializa. Um homem chama de minha, uma mulher leva as marcas do abuso, o
excesso torna-se regra, a lei se torna única, o padrão condena o desvio, a
margem se flagela desejando ser... gozo em dor, sabor vermelho, eternidade
volátil... e ter...
Quatro meninos morrem buscando o céu...
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
O que há agora!
Hoje quero sentir o chão gelado acolhendo meus pés, sentir todo cheiro, dançar toda palavra, pronunciar toda melodia. Eu quero o sabor do sangue, do suor e das lágrimas, porque nem sempre o ar-condicionado me satisfaz. Quero olhar máscaras e faces. Quero ouvir toda frase proferida por aquele que me carrega, por aquele que me marcou. Quero o vento embaraçando as mechas... Quero toque!
Sabe o que desejo mesmo? Quero o que há agora. Mesmo sabendo que é mais fácil olhar espelhos, quero vidros, embaçados ou cristalinos.
Sabe o que desejo mesmo? Quero o que há agora. Mesmo sabendo que é mais fácil olhar espelhos, quero vidros, embaçados ou cristalinos.
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