quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Poema pra quem um dia virá

Quero tatuar teu nome na minha pele,
Porque sei que tua alma terá um pouco da minha,
E a minha transformar-se-á por meio da tua.

Quero te gerar,
Te cuidar,
Te gerir.

Quero te cobrir,
E te permitir libertar,
Te amar. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Calada

Quando tudo se silencia, mais escutamos. Tenha certeza: você aprenderá que tudo grita quando o calar se faz. Nada fica tão escondido assim. O sintoma sempre vem. E o sintoma é subversivo.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Lampejo

Você me rompe,
Faz dançar livremente
Sem vergonha,
Sem medo.

Você me é fogo,
E me lembra
Que sou centelha,
Que posso queimar.

Você me faz
Segurança,
Liberdade;
Faz amor.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Re-parto

E eu sigo
fazendo meu retrato
sem precisar me retratar.

E sinto.
E faço.
E falo.

E me recorto.
...
São tantas as partes.

Às seis

Em mim,
Cabem
Uma escutadora,
Uma curandeira.

Uma sonhadora,
Uma poetisa,
Uma criadora,
Uma jardineira.

E eu não caibo,
Pois eu não acabo.
Sou infinita
E tão finita.

Agenda.
Relógio.
Rotina.
Vencimento.

Segunda
Em primeiro.
A vida
Em segundo.

Como ser tudo
O que cabe
E o que me excede,
Transborda?

domingo, 4 de agosto de 2019

Inverso

Três meses de inverno:
Moderação.
Não é necessário,
Não é funcional...

... Semear,
adubar,
podar.

É tempo de espera.
As folhas no chão.
Energia contida.
Tudo aguarda.

Frio,
Seco,
Escuro...

Você sabe o que vem depois?
Você já viveu o passar das estações...
Lembre-se do renovo,
Mas viva este tempo.

Elaboração.
Preparação.
Transformação.

Logo ali.
Logo vêm as flores. 

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Cúmplice

Eu divido com você
As manhãs,
O café quente e confortável,
As palavras mais espontâneas,
O carinho, o abraço,
O almoço bem pensado (ou não),
E a louça,
As caminhadas no fim de tarde,
As tarefas
E os sonhos,
A pizza (grande),
A cerveja gelada do fim de semana,
As queixas do dia a dia,
Os medos,
A vontade de fazer diferente,
Os segredos,
As impressões,
As canções,

O amor.

sábado, 15 de junho de 2019

Conchas

Velhas casas.
Velhas cascas.

Ah... Esse tal de mar...
Tem movimentos que nos trazem muito.
Seus presentes,  suas mudanças.

Nunca é o mesmo.
Nunca nos deixa os mesmos.

sábado, 1 de junho de 2019

p a r a l e l o

Eu sei que irão falar de você como alguém que aprisiona.
Eu sei que falarão por você para habilitar desejos e medos próprios.
Eu sei que te identificarão como justificador de dores injustificáveis.
Eu sei, e infelizmente sei, que até dirão que você defendeu excluir e ferir, que ensinou sobre julgar percepções e condutas.

Mas não te sinto assim.
Te sinto abraço.
Te sinto música.
Te sinto no vôo.
Te sinto confiança.
Nova aliança.

Vejo você nos olhos de quem acolhe, de quem pede acolhimento.
Percebo-o no meu coração grato.
Te entendo no sol que toca o meu riso.
E você me toca tanto por tantos - que nem sempre usam nome único para te denominar, às vezes nem precisam te identificar.

Tem dias que quero cantar teu amor pra todos, reverter as dores no peito que fizeram infelizmente em teu nome.
Quero gritar que você não é regra:
Dura, fria, violenta.
Você é fluidez!!!
Reinventiva, quente, libertadora!

Você é amor!!!

sexta-feira, 10 de maio de 2019

A FORÇA DA VIDA (TERRA)

(Aos amigos Rosane e Antônio)

A vida nos impõe vida;
Faz crescer uma semente
Que nem lembrávamos 
Que havíamos lançado.

Sem nossos olhos perceberem

Ou as nossas mãos fazerem,
O broto se faz,
A vida se abre.

A Terra

Faz crescer,
Faz florir,
Faz frutificar.

E, chegado o tempo,

também se podará.
E poderá 
Mais. 

Fechará.

Talvez vá doer...
Se moverá.
Reabrirá.

Aí, sentirá uma força

expandindo seu peito. 
E reverberará isso.
Haverá de novo energia de vida, de produção.

Voltará a ser e a lançar sementes,

Continuará a acreditar
na sabedoria e na força da Terra.
Que assim sinta e siga.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Casa Cheia

Nesta noite, antes do meu banho morno, eu entendi novamente nossa casa. Olhei cada cômodo, objeto, móvel e planta. Ressignifiquei cada parafuso que coloquei na parede, cada peça que pensei e reinventei, cada móvel improvisado ou escolhido. Admirei cada pedaço dela que traz a sua própria história, a história de outras pessoas que viveram aqui. Vi as marcas dos anos vividos - por eles, por nós e as marcas do próprio tempo. Amei cada recordação das nossas famílias: avô, avós, mães, pai, irmãos, sobrinhos... Todos morando aqui em detalhes. Vi como realoquei as plantas por conta da chuva e imaginei como o sol chegaria nelas às seis da manhã. Sorri. Um conforto morou no meu peito, esquentou meu coração. Casa é isso, né?

sábado, 2 de março de 2019

Hoje

Este é um dia que merece um canto.
Sua presença merece um trilhão de versos.
E ainda merecemos tantos toques,
Delicados, de repente, inundados.

Seu sorriso vem a cada dia
Me dizer da raridade da vida,
Me cuidar, me acordar,
Rezar um caminho lindo juntos.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Enfins

Quero estar onde ainda não moro, estar onde os sonhos estão, estar onde os pés anseiam em chegar, estar onde as folhas do outono estão no chão. Quero ver o sol, as flores e o sol passarem de novo e de novo, porque é tão bonito olhar no espelho e ver o quanto envelheço.
Bonito também é olhar meu corpo e ver tantas marcas: anos, tesouros, passagens, euforias, pessoas, notícias, rancores, surpresas, dúvidas, sempre incertezas com suas dores e moveres, imagens, sabores, principalmente cheiros, e toques - muitos toques, olhares, "Alices", suspiros, nuvens - iguais e diferentes, canetas e lápis, cadeiras e muros, conversas, roletas, calores, medos e enfins.

(Madrugada de 04 de fevereiro de 2011)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Vazio

E quando uma história termina?
Mesmo dura, parecia que nos preenchia.
E agora? Como lidar com isso?
No meu peito, parece que algo falta.
Não sei qual placa me guiará.

É hora de sentir o nada?
Por que ansiar logo preencher?
Talvez precise deixar que uma ponta surja.
Assim, redesenhar os passos.
Não é tão racional e imediato.

Mas intermediário.
Meio.
Vazio.
Caminho livre.
Por enquanto, sem cruzamento, bifurcação ou saída.