sábado, 31 de março de 2018

Oportuna data

A gente nasce, recebe, cresce, constrói-se, doa, faz crescer, constrói, algo nos chama a um novo nascimento, a gente transita, vai embora, e recomeça. Tudo importa. Tudo passa.  E, pra isso, há um tempo. Pro desejo, arquitetura e paciência.

sábado, 17 de março de 2018

Copo

Nós nos enchemos pra tentar sentir leveza, porque o vazio nos parece pesado.

Nós temos medo de encontrar com o vazio, porque o vazio pode nos trazer o novo.

Nós nos assustamos com o novo, porque achamos que não vamos conseguir ancorar.

Nós insistimos no velho porto, porque não sabemos vagar nosso espaço.

Nós esquecemos o quanto que vagar é bom, porque receamos nos perder.

A gente se perde assim mesmo, percebe-se esvaziado de sentido. E a gente se enche do que já não é nosso.


Pos Scriptum: Leia a partir de qualquer parágrafo. E siga. E volte. Volte e volte até que perceba que é melhor pausar, deixar de fluir assim e escrever algo diferente.

mar

Quando meus pés conseguiram fluir para longe da areia, senti minha expansão.

Meu peito se abriu.

sexta-feira, 16 de março de 2018

CARAPAÇA

Sinto-me morrer.
Não por mau destino,
Mas morrer.

Sinto-me morrer
E me encobrir,
Endurecer,
Esconder-me,
Criar espinhos.

E tenho medo
Da dureza,
Das defesas.
Porém,
Sei das suas passagens.

Ficarei bem.
Reabrirei.

Compasso

O tempo faz voltas em torno de mim.
Os passos se automatizam.
O fazer se torna centro.
Meu eu é centrifugado.

Por um instante, paro.
Penso:
Agora é preciso;
Isso também passa.

Eu voltarei
Apesar das voltas
E voltas.
Volto.