terça-feira, 28 de setembro de 2021

Sol da Anciã

Nasci velha
Dos detalhes
Do comedido
Do suave

Das folhas no dedo
Da música eterna
Das palavras incomuns
Do fazer com a mão

Cresci como
Sol da manhã
Me estendendo
Sem estar a pino

Quieta
E repleta
A quem importavam
As nuances

Agora estou
cheia de mim
Graciosamente inundada
Do que sou

E me sinto
Tão forte
Andando com
Minha brandura

domingo, 19 de setembro de 2021

Sua Música

Me alegro com seus acordes, com cada nota executada - com perfeição ou não. 

Me surpreendo e me animo com seus ensaios e suas novas melodias. 

E, com meu timbre suave mas presente, tento te acompanhar e incentivar a sua canção. 

Aos poucos, o repertório se faz: coerente e diverso, intenso e leve, onírico e preciso. 

domingo, 11 de julho de 2021

Fácil

A tranquilidade do nosso amor me acolhe,
me faz ainda mais serena e segura.

Nosso encontro me faz mais desperta e potente.


sexta-feira, 4 de junho de 2021

Acolhida

Hoje acordei com o silêncio me acolhendo, e tudo me pareceu mais leve e claro. Na cabeça, não há os atropelos da rotina. A incompletude não me assusta e traz a possibilidade do movimento. A alegria me parece mais fácil; há espaço para encontrar o sol do meu peito. Bem-vindo, silêncio. Eu também o acolho.

domingo, 16 de maio de 2021

Aquarela

Eu nasci da terra; lá, me conforto. Mas o mar me atrai, também me torna cativa; cativa e liberta, tira meus pés do chão e coloca-me a fluir. 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Das Coisas

Difícil distinguir se as habito ou se elas me habitam. Moro nas coisas e elas em mim. Acolho meu corpo entre elas, que dançam suas nuances junto com meus fluidos; eu as acolho, e elas me tocam, vibram e movem. O que me circula me inunda. O que vejo nunca é; o que conheço invade.


Onde fica o limite entre o meu território e o das coisas?

f l u i r

Hoje, ainda insisti em bater o peito na onda. E ela me levou, me salgou os olhos e me fez desentender.

Ainda trépida, cheguei à areia e, de longe, olhei o mar. Lá estavam as ondas grandes; estava também um homem, franzino e sorridente. Vi o seu corpo entre as águas - fluindo, dançando, deixando... Ele estava ali. Simples. Só.

Talvez um dia eu também saiba só estar. 

Amarelou

Acendi,

Iluminei,
Queimei,

E teimei.

Me espalhei.

Acho que amarelei.

domingo, 7 de março de 2021

Preencher...

 Eu me sinto oca. Sinto-me miúda como nunca fui. O sorriso não se faz; o sonho não brilha. Meu peito e meu olho ardem por não pausarem. A cabeça embaralha, a confusão se instala e desgasta. O cansaço vem. Fica. Quando penso que vai, ele fica. Fica. Quero que ele vá. Quero voltar a fluir. Quero desligar o alerta. Quero querer. Quero flores na minha cabeça. Quero um buquê simples, harmonioso, orgânico e vivaz.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Onde eu estive?

 Dez dias no oco até esbarrar em mim. 






Não me percebia tão longe.
Não me percebia tão.
Não me percebia.
Não me.
Não.