sábado, 2 de novembro de 2013

Canções de ônibus

Durante muito tempo não tive casa. Nesse período, desejava raiz. Mas, paradoxalmente, adocicava meus sonhos esse jeito solto de seguir. Foram tantas idas e vindas, passagens e paisagens. E nessas, surgiu a vontade de me conhecer só e completa. Em uma nova etapa, fiz de mim meu próprio lar e descobri o prazer de me cuidar. Assim, afirmei dar conta das contas, dos contos e dos cantos. Por fim,  quando novamente o asfalto me convocou, junto com o movimento de cada mourão, com a dança de cada árvore e a imensidão de cada montanha, foi descortinado a mim que não há função no solo firme quando se tem o vento que nos carrega como semente.

2 comentários:

  1. Kelly,

    Parabéns pela forma com que trouxe ao seu texto uma carga cinestésica com a intensidade de emoções em ebulição. Belíssima composição metafórica! Menina, você tem talento!

    Um grande abraço.

    Carlos

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    1. Carlos,

      Devo dizer que sua visita me agradou imensamente e que suas palavras me fizeram sorrir.

      Muito obrigada!!!

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