quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Primeira pessoa

Você sempre me disse que eu não seria capaz
de ser firme nas minhas decisões,
que eu pensava demais,
sentia demais.

Mas, toda vez que eu me decido,
você ainda me recusa.
Você diz que minha coragem é loucura,
que me falta amadurecer o que decido.

Você tem a contradição em você.
Você tem medo,
muito medo.
E não quer perder de novo.

E me fez acreditar
num eu que eu não era.
E me reduziu,
pensando que me preservava.

Você fez, do amor, gaiola,
mas sempre fui pássaro livre.
Engraçado que também foi ninho
(fez-me forte e sensível outrora).

Você me dizia:
não dependa de ninguém.
Você também me deu asas.
Porém, queria que dependesse de você.

Por um tempo,
sua dor foi minha dor,
seus medos foram os meus.
E passou.

O pássaro pousou em cima da gaiola;
enfeitou-a de flores;
deixou a portinhola aberta;
e deseja refazer ninhos.

Estou pronta.
Que não seja prisão.
Que seja ninho.
Só isso.

2 comentários:

  1. Boa noite Kelly,

    Meus parabéns amei seu poema. Delicado, forte em sentimentos, desejos e ações que estão presentes nos relacionamentos.
    Me fez refletir em encontrar o equilíbrio que nos faça feliz sem prender ninguém, e não ser prisioneiro.

    Desejo um Natal iluminado, com muita paz e felicidades.

    Abraço
    Wellington Maia

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  2. Quanta intensidade confessional! O dito e o não dito em frequência harmônica. Parabéns!

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