segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Géiser

Nem parece, mas nasci com o peito fervente. Demorei muito pra entender isso.

Alguns outros achavam que eu era água fria e já até me convenci disso, porque tudo morava no peito. De vez em quando, esquentava o rosto ou confundia a barriga. Às vezes, visitava os pés. Mais tarde, mudava pra um pedaço de papel escondido. E agarrava na garganta por eu achar o meu fervor sem valor.

Confesso que ainda volta a cabeça, pesando ou fervendo, porém se faz palavra, pelos dedos ou pela boca. E, finalmente, sei que preciso dizer.

2 comentários:

  1. Boa noite Kelly,
    Certos fenômenos são difíceis de entender. Eu mesmo ainda estou na fase de inicial. O fenômeno vem sem aviso, e as consequências ainda não são admiráveis. Já tive vontade de ser super, controlar isso, e me preparar para quando o inevitável acontecer afim de não causar grandes danos, quem sabe um dia ser maduro como você hoje é, sabendo bem oque é preciso dizer e fazer.

    Abraços e boa noite
    Wellington

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  2. Quantas metáforas visuais da intensidade dos sentimentos que afloram por não ser mais possível contê-los! Muito bom!

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